quarta-feira, 27 de março de 2013

O País de todos

     Sim, uma nova postagem, pasmem! A Patrulha não morreu! Só nós donos do blog que estamos à beira de um colapso nervoso devido às atividades acadêmicas (instituto federal em fim do ano letivo correndo contra o tempo para concluir sua agenda é de enlouquecer qualquer mortal). Mas deixando de lado essa baboseira, vou parar um pouco de fazer resenhas de álbuns, já que esse blog não se trata somente de música, mas principalmente de críticas. E há momento mais magnífico que esse para se fazer críticas quanto aos últimos acontecimentos do Brasil?

     Digamos que o Brasil apresenta-se em certos setores do governo "em mãos erradas". Primeiro, um político conhecido pelo seu envolvimento em casos polêmicos como mensalão, desvios de verba, corrupção e afins como presidente do Senado. Depois, um pastor conhecido pelas suas declarações racistas e homofóbicas como presidente da Comissão de Direitos Humanos. Tendo em vista tais acontecimentos, só tenho mais que aplaudir e parabenizar o Brasil. Ótimos representantes para seus respectivos cargos. Verdadeiros exemplos para seus setores e pessoas ligadas a eles. É impressão minha ou o Brasil está se tornando "a terra do contraditório"?

     E não são culpados somente os políticos que elegeram tais personagens para suas presidências. O povo brasileiro tem sua parcela de culpa. Na verdade, dá até pra afirmar que tem toda a culpa. Devo estar batendo numa tecla que deve estar já quebrada de tanto ser apertada. Mas é a verdade. O povo brasileiro ainda parece ser muito imaturo e despreparado para escolher seus representantes. É como se o impeachment de Collor tivesse ocorrido em outra realidade. Ou então que na nossa história nunca houve uma fase em que enfrentamos uma ditadura, em que nossos pais e avós tiveram que bater de cara com o sistema para conseguir formar a sociedade capitalista, o "país de todos" que temos hoje. Ou até pode-se pensar que somos cegos para ver corrupções e ingênuos para confiar em propostas impossíveis e promessas de mudança de comportamento falsas. Nem crianças tem tanto déficit de discernimento como o eleitor brasileiro.

     Não estou querendo ser carrasco do meu próprio povo, não quero dar lição de moral na sociedade. Mas que isso vai parecer, vai. Ainda tenho 17 anos, escolhi fazer parte do processo eleitoral somente quando isso passar a ser obrigatório para mim por lei. Então, você pode até pensar que não tenho o direito de me manifestar de tal forma, de julgar sem ser efetivamente "um cidadão". Mas tenho capacidade suficiente de compreender o quão falho está nossa concepção de certo e errado, pelo menos quanto ao processo eleitoral.

      Como se não bastasse a burrada das escolhas, ainda vemos indivíduos que defendem e aprovam! Fanáticos religiosos aprovam e apoiam a escolha de Marco Feliciano como presidente da CDH. Sejamos sensatos, por Deus! Eu não tenho nada contra religião, mas não se deve misturar as coisas. Adeptos da igreja Assembleia de Deus Catedral do Avivamento (a igreja em que Feliciano é pastor) acham que a escolha dele foi a melhor escolha, "abençoada por Deus". BRASIL, VAMOS ACORDAR!! Colocar um representante religioso como presidente de uma comissão federal que trata de interesses de ordem geral é um erro óbvio! Mesmo que não houvesse preconceito algum por parte dele, temos que ter no cargo um representante no mínimo imparcial, ou que ao menos não seja um pilar de um grupo específico. Isso cria expectativas no grupo do qual ele faz parte, fazendo com que exista sempre conflito entre dois setores da sociedade: os adeptos e os não-adeptos à doutrina do presidente. É tão simples compreender o erro se olharmos dessa forma. Mas agora parece ser tarde.

      Claro que existem pedidos de cassação, movimentos contra a escolha dos representantes. Mas algo me faz crer que não vai mudar. Algo muito, muito simples, mas que mostrou o quanto o brasileiro se preocupa com o próprio país. Há algum tempo começou a rolar pela internet um abaixo-assinado procurando conseguir 500 mil assinaturas para impedir a chegada do deputado Renan Calheiros, denunciado criminalmente ao Supremo Tribunal Federal, à presidência do Senado. Esta primeira petição não conseguiu chegar ao seu objetivo. Mas posteriormente um segundo abaixo-assinado foi criado após a eleição de Renan Calheiros como presidente do Senado (conhecido como "o dia em que o Brasil virou o maior circo do mundo"). Devido a enorme divulgação e ao senso de "justiça" atrasado dos internautas, a petição conseguiu mais de um milhão de votos, sendo que o objetivo era conseguir chegar a 1,6 milhão de assinaturas (equivalente a 1% do eleitorado). Com muito, muito esforço, conseguimos mais 300 mil assinaturas.

     Isso mostra um aumento do interesse do brasileiro em reverter a situação quando ela já está consumada. Mas vamos pensar novamente: quantas dezenas de milhões de pessoas temos no Brasil? E quantas delas tem acesso à internet? Com certeza bem mais de um milhão de internautas deve haver... E vamos fazer outro comparativo mais legal ainda. Ontem tivemos a grande final do show da hipocrisia, o Big Brother Brasil. Tivemos nada mais, nada menos que 30 MILHÕES DE VOTOS para escolher o vencedor do programa. Alienação, ingenuidade, burrice ou o quê? Será que dá pra definir isso? É ridículo isso! Preocupamo-nos mais com uma programa de TV que brinca com a privacidade de pessoas dispostas a se vender do que com o futuro do país! Esse é o Brasil de todos que nós fazemos por merecer.

     Agora temos rolando na rede um abaixo-assinado contra Marco Feliciano. Este está se saindo melhor do que os contra Renan Calheiros, mas seu impacto talvez não surta tanto efeito pois o deputado já reafirmou que não vai renunciar. Pelo jeito estamos perdendo o controle da situação. Pobre Cazuza, disse que "o Brasil vai ensinar o mundo". Que ele não esteja chorando vendo tudo que acontece com seu amado país, onde quer que ele esteja. Mas ele não deve estar chorando tanto quanto nós mesmos deveríamos estar, afinal estamos encaminhando nosso país para um caminho que, eu diria, não me parece lá muito... acolhedor do próprio povo.

"Canibais de nós mesmos..." - Cazuza

JL

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