quarta-feira, 25 de julho de 2012

Lendas do Rock: Redescobrindo Pink II

     Falar sobre o Pink Floyd não é uma coisa que seja feita em somente uma postagem, afinal a complexidade existente em suas criações é atraente e magnífica, e constantemente nos faz pensar em quem nós somos de verdade. Um ótimo exemplo disso, que inclusive será abordado neste presente post, é o álbum The Dark Side Of The Moon, considerado por muitos críticos e fãs como o melhor álbum da carreira da banda inglesa. Se The Wall é uma obra-prima de Roger Waters, The Dark Side Of The Moon é uma obra-prima do Pink Floyd em sua totalidade, contando com composições tanto fantásticas quanto instigantes.

     O que falar sobre tal álbum?Antes de começar a dissertação sobre seu conteúdo literário e psicológico, não pode ser deixada de fora o foco musical, onde temos grandes inovações no âmbito fonográfico. Não podemos citar o que o tornou um álbum tão importante para a história da música, porque são várias: primeiro álbum puramente conceitual já feito, conexão perfeita entre as músicas, o uso dos mais complicados instrumentos e efeitos sonoros da época (como o som de vários relógios tocando ao mesmo tempo em Time e o som de caixas registradoras em Money), a criação de novos efeitos sonoros, como vozes dobradas, ecos, gravações em duas pistas de vozes e guitarras e separação dos sons entre os canais, além dos trechos de dialógo entre as faixas, resultantes de entrevistas feitas às pessoas sobre os temas do álbum, entre eles violência e morte. Também quebrou recordes como o álbum que ficou mais tempo na lista da Billboard 200 (795 semanas consecutivas e mais de 1000 semanas no total, o que daria pouco mais de 15 anos). e ainda há uma estimativa que 1 em 14 pessoas dos EUA com menos de 50 anos possua uma cópia do álbum. Pouca coisa, não?

     Mas vamos encerrar a parte musical e comercial e vamos agora manter o foco no que mais chamou a atenção do público: o tema central e as letras. O álbum fala das pressões da vida, incluindo temas como tempo, dinheiro, guerra, loucura e morte. Sua abordagem sobre os temas conseguem ser profundas de tal modo que você sente-se afetado pela própria melodia, mesmo sem saber como é a letra. O modo como tudo é retratado nos faz perceber que o ser humano é um ser que vive constantemente sobre pressão, seja para conseguir dinheiro, seja por falta de tempo, e isso nos leva num caminho cada vez mais rápido ao fim. Somos até capazes de esboçar, e até mesmo praticar, uma mudança no modo em que vivemos tal é a capacidade de persuasão e hipnose do álbum. A vida sempre nos faz criar um lado sombrio de nossas mentes, que é formado não pelos nossos maiores medos, mas por tudo que nos pressiona.

     Além disso, existe outro fato que torna o The Dark Side Of The Moon tão impressionante. e tal fato é nada menos que o efeito The Dark Side Of The Rainbow, até hoje alvo de discussões entre fãs e conhecedores do assunto. Seria proposital ou simples coincidência a ocorrência de tantas correspondêcias e tanta sincronia entre o álbum com o filme O Mágico de Oz de 1932 quando ambos são executados simultaneamente? Para exemplificar, citarei algumas ocorrências bem famosas que fizeram tal efeito ser tão famoso e polêmico:
  • A cauda do cachorro Totó se move no mesmo ritmo dos ruídos de On The Run (faixa 2, lado A)
  • As bailarinas dançam ao ritmo de Us And Them (faixa 2, lado B)
  • Money (faixa 1, lado B) tem início quando Dorothy abre a porta para o mundo de Oz, e o filme deixa de ser preto-e-branco para tornar-se colorido
  • A duração da maioria das músicas coincide exatamente com a duração das cenas
  • O bater de um coração no fim do álbum coincide com o momento em que Dorothy tenta ouvir o coração do homem de lata
  • Várias frases das letras coincidem com a execução dos mesmos atos dos personagens no exato momento ( "Look around" - Dorothy olha ao redor; "home...home again" - quando Dorothy volta para casa)
     As ocorrências são múltiplas. Para quem estiver interessado em ver o efeito, aqui está o vídeo completo:


     Outra coincidência está na ilustração da capa, que é um prisma sendo atravessado por um feixe de luz branca que do outro lado torna-se colorido. o que seria uma referência ao momento em que o filme deixa de ser preto-e-branco e torna-se colorido, fato que também pode ser notado no começo da música Money, primeira música do lado B do álbum, quando Dorothy abre a porta da casa após o tornado (The Great Gig In The Sky, última música do lado A) e vê o mundo colorido ao seu redor. Também há suposições que Dorothy morreu no incidente do tornado e que o mundo de Oz é uma experiência de vida após a morte, o "lado negro" da vida, que é a simbologia passada pela arte da capa do álbum, que se refere ao tema das músicas, que falam sobre o lado sombrio da mente, com problemas relativos a dinheiro, tempo, solidão e loucura.

     Bom, talvez tudo seja somente uma grande coincidência, mas isso só faz aumentar mais ainda todo o ar de grandiosidade e obscuridade transmitido pelo álbum, que é com certeza a maior obra-prima de um dos maiores gigantes da história da música moderna.




"Na verdade não existe um lado escuro da lua... ela é toda escura."

JL

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